quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

O Avarento


Houve um dia que eu liguei ao meu pai para ele vir visitar-me a mim e ao meu irmão mais novo, ele não veio. Disse que tinha mais que fazer.
No dia seguinte, apareceu uma fada que lhe disse que se ele não fosse visitar os seus filhos, que ia morrer muito infeliz e com remorsos. Ele não veio visitar-nos e morreu infeliz e com remorsos.
Eu, no funeral dele, disse: a maldade paga-se caro.

Os Passos de Dona Leonor


Conta-se que, no séc. XVI, existiam em Peniche dois fidalgos abastados que nutriam um ódio recíproco, por força de antigas disputas, sendo que nada no mundo os fazia esquecer a visceral rivalidade. Quis porém o destino que Rodrigo, filho de um deles, se namorasse perdidamente por Leonor, a bonita e prendada filha do outro dos fidalgos desavindos.Conhecedores do ódio que separava os pais, Rodrigo e Leonor não ousavam revelar os seus sentimentos, temendo as repercussões de tal descoberta. Todavia, tal veio inevitavelmente a verificar-se, tendo o pai de Rodrigo, perante a firmeza da decisão do filho, e na convicção da necessidade de separar os jovens amantes, resolvido degredá-lo para a ilha da Berlenga, onde ingressou como noviço no mosteiro de frades Jerónimos ali existente. Apesar de contrariado, Rodrigo obedece a seu pai partindo para a ilha da Berlenga, convicto do seu amor e resoluto a contra tudo e contra todos continuar a amar a sua Leonor. Com efeito, Rodrigo com a ajuda de Gil, um pescador seu amigo, faz-se transportar num pequeno batel todas as noites até uma gruta situada na orla meridional de Peniche, onde Leonor o aguardava, sinalizando a sua presença com a luz de uma lanterna. Este encontros furtivos repetiram-se por inúmeras ocasiões, até que certa noite, descobertas as saídas de Leonor, viu-se a jovem donzela perseguida pelos servos do pai e, na precipitação da fuga, saltando de rochedo em rochedo, resvalou nos seixos da encosta e na negrura da noite tombou do alto de um penedo, afogando-se no mar. Pouco depois, como de costume, aproxima-se Rodrigo para mais um encontro amoroso. Não observando o sinal combinado, o jovem preocupado chama em vão pela sua amada. O tempo vai passando sem sinal de Leonor até que Rodrigo angustiado consegue vislumbrar a boiar no mar o terno manto branco da sua enamorada. Então, o desespero apodera-se de Rodrigo que, na esperança de resgatar Leonor, se atira ao negro oceano do alto da traiçoeira falésia. Dias depois, é resgatado nas areias de um carreiro vizinho o pobre corpo de Leonor que terá sido depositado no adro da capela de Santa Ana, situada não muito longe. Quando ao corpo do desventurado moço conta-se que terá sido encontrado na costa norte, junto a uma rocha a que se deu o nome de Laje de Frei Rodrigo. A gruta que foi palco de tão trágico amor mantém, ainda hoje, a memória desta história sendo localmente conhecida por Passos de D. Leonor.

A fuga contada por mim

Rodrigo encontrava-se todos os dias com Leonor às escondidas dos seus pais. Houve uma noite que Leonor disse a Rodrigo que ela queria falar com ele. Ela queria pergunta-lhe quando é que eles iam fugir dali. Ele respondeu que podia ser na noite seguinte o que aconteceu.

Os Passos de Dona Leonor


Leonor e Rodrigo se amavam
Às escondidas se encontravam
Mas tudo mantinham em segredo
Porque dos seus pais tinham medo.



Quando os pais descobriram
Os amantes separaram
Para longe um do outro partiram
Mas pelo Amor se encontravam.



Rodrigo Dona Leonor procurava
Mas não a encontrava
Quando viu uma capa que flutuava
Viu que ela estava afogada
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