terça-feira, 16 de novembro de 2010

O Piloto-Mor


O Sr. Piloto-Mor só abre a boca para ralhar. De quando em quando, aquele vozeirão tremendo ecoa na Cantareira e cala-se tudo. Toda a gente tem medo desse homem seco e tisnado, autoritário e duro, de grandes barbas brancas revoltas. Ninguém se atreve a dirigir-lhe a palavra e todos os pescadores, quando ele passa como uma rajada, tiram os barretes da cabeça. Noutro dia estiveram alguns barcos em perigo. - O salva-vidas!... E o salva-vidas lá desceu pelo guindaste até ao rio, mas não apareceu ninguém para o tripular. - Então ninguém vai?... - perguntou o piloto-mor. Mas os homens em grupo, encolhidos, não responderam. - Então vocês têm alma para os deixarem morrer ali à nossa vista? Um mais atrevido disse, por fim: - Quem lá for, lá fica. O salva-vidas não se aguenta com este mar. E o vozeirão a sair das barbas brancas: - Pois então vou eu, com os diabos! Vou eu e fico lá. E vou sozinho se ninguém quiser ir comigo. Saltou dentro do barco - e com ele uma dúzia de homens.



Comentário


"Saltou dentro do barco e com ele uma dúzia de homens"

Então lá foram eles tentar salvar os barcos que estavam em perigo, mas o mar estava muito bravo. Eles estavam quaze a salvar o barco, mas ele já estava sem fé, porque já não viam a terra e estavam a ficar cada vez em mais perigo para eles continuarem. Eles foram sempre e acabaram por morrer.


Sem comentários:

Enviar um comentário